quinta-feira, 16 de abril de 2009

Vítimas não “aceites”!


Por que será que nas tragédias, quando ficamos a saber ou é perto de nós, acabamos por perguntar a nós próprios (nem que seja por uma fracção de segundo), até que ponto essas “vítimas” poderiam ter evitado a situação, talvez se ela não vestisse uma sai tão curta, ou um decote tão libertador ou ele não tivesse ido aquela hora tardia ao Multibanco, por que tinha aquela religião, por que tinha aquela cor politica, etc.

Talvez não passe de uma forma inconsciente de nos protegermos de algo que nem sabemos bem o que é, temos argumentos fantásticos relativamente aos outros, achamos certa piada por os excrementos de pássaro caírem em cima do vizinho, cair em cima de nós não é possível! (um dia vai ser)

Creio que “todos” nós pelo menos uma vez já pensamos que algo que aconteceu a alguém foi culpa desse mesmo alguém, se é acaso ou predisposição é bem mais complexo e não vou querer entrar por aí, apenas estou a falar desta característica num formato social.

Fiquem bem

3 comentários:

sou disse...

Olá
É verdade, muitas vezes ficamo-nos a questionar porque acontecem determinadas coisas a umas pessoas e não a outras, qual é a explicação? Será que essas pessoas provocaram de alguma forma esses acontecimentos? O que poderiam ter feito para evitá-lo, perguntamo-nos. Acho que conscientemente nos protegemos desses perigos quando vemos no outro nós próprios, e imediatamente chamamo-nos à responsabilização. Até no rir, nós nos colocamos na pele do outro, e com algum nervosismo rimos de nós próprios, já li qualquer coisa acerca disso, o cérebro parece que nos espelha. Talvez, só talvez, inconscientemente tenhamos a noção de que somos apenas um só e nesses acontecimentos nos vejamos confrontados a saber como evitar aquela experiência e o que aprender com ela. Ninguém quer ser vítima, pois claro que não. Ninguém em seu juízo perfeito quer vitimizar alguém, pois acaba por se vitimar a si também, olhar para dentro e conscencializar-se dói bastante, no início.

Abraço

Carteiro disse...

Olá

Creio que ninguém quer ser vitima num formato consciente, já no inconsciente é diferente, muitos de nós que têm défice de atenção e carinho procuram o vitimismo para semear pena tendo assim acesso a alguma solidariedade que vai os preenchendo minimamente, um pouco como se sofremos uma “desgraça” em publico damos mais intensidade visual do que se a mesma “desgraça” for em privado.

Fica bem

sou disse...

Olá,

Num formato social, nós revemo-nos no outro, e a partir da experiência do outro, questionamos e procuramos a origens exteriores que puderam ter causado tal situação, a fim de nos precavermos. Procuramos razões e chegamos até ao ponto de vitimizar o agressor, desresponzabilizando-o e passamos julgar a vítima. Fazemos isso por medo, medo que nos suceda algo igual ou parecido. Agora, diante da reflexão que fazes, muito pertinente, quem sabe?... De qualquer modo acho que isso iliba os algozes, não será? Qual de nós está totalmente preenchido de atenção e de carinho? Não sei, mas acho uma reflexão dura, dizer que as pessoas alimentam o vitimismo para semear conscientemente pena dos outros e receber carinho e solidariedade, acho que foi isso que disseste. Não sei, podem mesmo precisar de ajuda, desse carinho dessa solidariedade, para sairem de um buraco profundo de pensamentos distorcidos. Não o conseguem fazer sózinhas, precisam que alguém lhes lance cordas. Em outro aspecto, são pessoas que vitimizam os outros, não pretendem mudar nada em si, mas procuram sugar energias em proveito próprio, vitimizam, porque foram vitimizadas.
Olha, não sei...apenas reflicto!

Abraço apertado.