sábado, 28 de julho de 2012

Difícil…….


Difícil……       
  

 
Difícil ……………. Difícil, por vezes recordar algumas coisas, coisas que por mais enterradas estejam ………….. elas conseguem de tempos em tempos eclodir e deixar-nos átona!

  
No século passado, devia eu ter cerca de oito anos, estava eu brincando com um grupo de amigos junto ao rio Sorraia numa extremidade da vila de Samora Correia num local denominado “moinhos” (dado que em tempos existiram ali moinhos de vento).

Por algum motivo que não consigo recordar fiquei sozinho e fui brincar para junto da margem do rio, saltitando e brincando lá estava eu sozinho junto ao rio e envolto em vegetação numa linha de agua pluvial (separação dos moinhos com a quinta dos gatos), pois bem, a determinada altura comecei a ouvir um miar triste e aflito, fui me aproximando e encontrei um gato muito parecido com o da foto, encharcado e a tremer, não devia ter mais de um mês de vida! (era usual, hoje creio que menos, quando uma gata tinha crias deitar os filhotes ao rio! Pelo menos alguns, que eram considerados excedentes!)

Peguei nele, fiz algo parecido com uma bolsa com a camisa e lá fui eu para casa.

Não ia muito a vontade, sabia bem que ia ser complicado …………………

Vai já por este gato onde o encontras-te, não vês que o gato deve estar doente, não quero o gato cá em casa ………..etc………. e lá voltamos os dois ………….

O que se segue demorou mais de três horas;

De volta aos moinhos não fazia ideia de como solucionar a situação, tentei encontrar um local mais protegido, porem sempre que eu me afastava uma pouco o pequeno gato voltava as lamentações, eu voltava e fazendo-lhe festa ele sossegava, afastava-me e ele (ou ela) gritava, aproximava-me e aclamava, enfim as lágrimas caiam-me em cascatas que por vezes me turvavam a visão, enfim, complicado, resolvi então passear com ele ao colo ao longo da margem do rio, falando com ele e deixando o tempo passar (eu sabia que mais cedo ou mais tarde tinha que ir para casa) dado que assim possivelmente alguma solução poderia “cair do céu”, porem “nada” e “nada”, a dada altura reparei num pequeno saco de plástico transparente (tipo pacote de bolachas Maria) e então, chorando como creio que nunca mais chorei, soluçando desculpas, introduzi a pequena cabeça daquele inocente no saco e atirei-o a agua, vi-o a afundar e sentado chorei e chorei ………ainda hoje …………..

Fui para casa, nada me foi perguntado, nada eu falei sobre o assunto!

Recordar o primeiro amor, a primeira experiência sexual, é fantástico e até pode ser intenso, porem, para mim, recordar a primeira traição é duma intensidade bem maior!

Com o passar dos anos, claro que de tempos em tempos recordava-me……….

Já neste século, num fim-de-semana de ferias com umas amigas na zona da Caparica, tínhamos acabado de almoçar e resolvemos ir “a bica”, como o café era a uns meros trezentos metros fomos a pé, passado junto a um jardim ouvimos uns “miares” de chamamento, uma delas disse; pois, nesta casa não está ninguém a morar e certamente que alguém abandonou gatos aqui, não é a primeira vez!

Arrepiei-me quando um pequeno gato (amarelo riscado como o da foto, também igual ao dos moinhos) apareceu em cima do muro, disse a elas; vamos embora! E fomos, porem não é que o raio do gato começou a andar atrás de nós, eu só dizia para acelerar-mos o passo e andava cada vez mais depressa, não olhei para trás, apenas ouvia o miar que não parava, determinada altura, parei, olhei para trás, e falei alto a bom som; ok, ganhas-te!

Fui direito a ele, agarrei-o e levei-o para casa, creio que principalmente sentia uma divida “karmica” para com ele, porem, afinal ele era ela e ficou a ser conhecida por Ísis, andava comigo no carro, muitas das vezes em cima do meu ombro (no formato de papagaio), tinha um faro fantástico para descobrir problemas de saúde nos humanos, foram uns bons tempos!

Porem, um dia por motivos profissionais tive que mudar (de armas e bagagem) para os Açores sem qualquer possibilidade de a trazer, ela esta cheia, prenha, grávida, como quiserem! Tive que lhe dar outra casa ………. Mais uma vez ………. Voltei para casa sozinho …………………

Hoje (motivo de ter escrito) ao chegar a uma casa que estou usando provisoriamente por razões profissionais deparo-me com o animal da foto, pouco depois, aparece uma Júnior, depois outro e ainda outro, ou seja, estou numa casa isolada, é uma gata que teve crias e as está a criar no mato, e “prontes” lá fui comprar uma saco de comida, enchi uma tigela de comida, outra de agua e “prontes” ………………………………..

Fiquem bem

quarta-feira, 18 de julho de 2012

V I V A


Artigo do jornal "O Estado de São Paulo".

O cérebro humano mede o tempo por meio da
observação dos movimentos.

Se alguém colocar você dentro de uma sala
branca vazia, sem nenhuma mobília, sem
portas ou janelas, sem relógio....
você começará a perder a noção do tempo.
Por alguns dias, sua mente detectará a passagem
do tempo sentindo as reacções internas do seu corpo,
incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono,
fome, sede e pressão sanguínea.

Isso acontece porque nossa noção de passagem
do tempo deriva do movimento dos objectos,
pessoas, sinais naturais e da repetição de
eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol.
Compreendido este ponto, há outra coisa
que você tem que considerar:

Nosso cérebro é extremamente optimizado.
Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho.
Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil
pensamentos por dia.

Qualquer um de nós ficaria louco se o
cérebro tivesse que processar
conscientemente tal quantidade.

Por isso, a maior parte destes pensamentos
é automatizada e não aparece no índice
de eventos do dia e portanto, quando você
vive uma experiência pela primeira vez,
ele dedica muitos recursos para
compreender o que está acontecendo.

É quando você se sente mais vivo.
Conforme a mesma experiência vai se repetindo,
ele vai simplesmente colocando suas reacções
no modo automático e apagando as experiências
duplicadas.

Se você entendeu estes dois pontos, já vai
compreender porque parece que o tempo acelera,
quando ficamos mais velhos e porque os Natais
chegam cada vez mais rapidamente.
Quando começamos a dirigir automóveis, tudo
parece muito complicado, nossa atenção parece
ser requisitada ao máximo.

Então, um dia dirigimos trocando de marcha,
olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando
ao celular ao mesmo tempo.

Como acontece?

Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas
placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem
anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha
trocar (ele simplesmente pega suas experiências
passadas e usa , no lugar de repetir
realmente a experiência).

Ou seja, você não vivenciou aquela
experiência, pelo menos para a mente.
Aqueles críticos segundos de troca de marcha,
leitura de placa são apagados de sua noção
de passagem do tempo.

Quando você começa a repetir algo
exactamente igual, a mente apaga a
experiência repetida.

Conforme envelhecemos as coisas começam a
se repetir - as mesmas ruas, pessoas, problemas,
desafios, programas de televisão, reclamações, enfim...
as experiências novas
(aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade,
fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades),
vão diminuindo.

Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer
o que tivemos de novidade na semana, no ano ou,
para algumas pessoas, na década.

Em outras palavras, o que faz o tempo
parecer que acelera é a...

ROTINA

A rotina é essencial para a vida e optimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.

Felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo:

M& M(Mude e Marque).

Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo
um ritual, uma festa ou registros com fotos.

Aprenda uma nova língua, ou um novo instrumento
Mude de paisagem, tire férias com a família
(sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente,
para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e
marque com fotos, cartões postais e cartas.

Tenha filhos ou animais de estimação
(eles destroem a rotina)

Sempre faça festas de aniversário e para você
(marcando o evento e diferenciando o dia).

Use e abuse dos rituais para tornar
momentos especiais diferentes
de momentos usuais.

Faça festas de noivado, casamento, 15 anos,
bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do
aniversário de formatura de sua turma, visite parentes
distantes, entre na universidade com 60 anos,
troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba,
compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows,
cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo.

Escolha roupas diferentes, não pinte a
casa da mesma cor, faça diferente.

Beije diferente sua paixão e viva com
ela momentos diferentes.

Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes,
busque experiências diferentes.

Seja Diferente!

Se você tiver dinheiro, especialmente se
já estiver aposentado, vá com seu marido, esposa ou
amigos para outras cidades ou países,
veja outras culturas, visite museus estranhos,
deguste pratos esquisitos....
em outras palavras... V-I-V-A. !!!

Porque se você viver intensamente
as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.
E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém
disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes,
seu livro será muito mais longo, muito mais
interessante e muito mais v-i-v-o... do que
a maioria dos livros da vida que existem por aí.

Cerque-se de amigos.

Amigos com gostos diferentes, vindos de
lugares diferentes e que gostam de
comidas diferentes.

Enfim, acho que você já entendeu
o recado, não é?

Boa sorte em suas experiências para
expandir seu tempo, com qualidade,
emoção, rituais e vida.

ESCREVA AmaNhosdiFeRenTese
em CorEem TS difErEntEs!

CRIE, RECORTE, PINTE, RASGUE,
MOLHE,DOBRE, INVENTE,REINVENTE...

V I V A !!!

Fiquem bem

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Comunicação, aquela malvada ...............



Conta uma lenda que Ruy Barbosa ao chegar a casa, certo dia, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Foi averiguar e constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. 

Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus patos, disse-lhe: 

“- Oh, bucéfalo anácrono!!!… Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. 

Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica, bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada”.

E o ladrão, confuso, diz: “- Dotô, resumino… Eu levo ou dexo os pato???

Fiquem bem

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A nossa geração fod## a próxima, dedicado aos papás!




Para meditar ..... Se quiserem ...............
Para que todos meditem…esta é uma realidade muito presente na nossa sociedade, e em especial da nossa geração.
INFELIZMENTE! Muitos dos nossos filhos irão ficar bastante mal com a nossa ausência …será o fim do sonho de abundância que ficticiamente a CEE e particularmente a Zona Euro, através da banca, induziu na sociedade liberal que criou. O problema é que Portugal está cheio de Nunos destes...
Todos nós conhecemos alguns... UM SEMESTRE BASTOU PARA FURAR AS CONTAS AO NUNO...! Nuno vivia com o pai, reformado da Tabaqueira. Abandonou no 2º ano o curso de Química após a morte da mãe, professora reformada.
Foi trabalhar para os serviços externos num laboratório de análises clínicas, ganhando 650 euros. Viviam numa vivenda alugada pelos pais por 450 euros no Algueirão e o pai tinha de reforma, já com o complemento da mãe, 1800 euros mensais. Nuno não pagava nada em casa. Os gastos da casa em alimentação, energia, agua, áudio-visual, limpeza e tratamento de roupa eram suportados voluntariamente pelo pai.
A totalidade dos 650 euros do seu salário estava destinado às suas despesas extras mensais: almoços (200 euros), carro e gasolina (120 euros), telemóvel e Internet (30 euros), tabaco e café (75 euros), futebol (50 euros), bares, discotecas, festas e concertos (120 euros). Nuno teve uma infância feliz. Apesar dos pais não serem ricos, proporcionaram-lhe condições de vida da chamada classe média, quer nos estudos e nas férias, quer na mesada para os gastos. Foi assim na infância, na adolescência e até aos 28 anos de idade.
Mas o pai faleceu em Outubro do ano passado com um ataque cardíaco. O pai tinha algumas poupança e o Nuno após o funeral comprou um Fiat Brava Novinho em folha e foi 2 semanas com a namorada para umas férias de sonho, bem merecidas, para a República Dominicana. Quando regressaram, Lina, a namorada, de 24 anos e a tirar o curso de relações internacionais, mudou-se com armas e bagagens para a vivenda do Algueirão!
Em Janeiro passado a senhoria informou-o da actualização da renda que tinha de passar para os 600 euros e o Nuno teve de ir alugar uma casa de 2 quartos num 3 andar de um prédio modesto no casal de Sº. Brás por 300 euros e levar consigo a namorada! Em Março para além da renda, tinha na caixa do correio a facturas da luz com 80 euros, da água com 17 euros, do gás com 12 euros e 42 euros da TV cabo. Nunca lhe tinha passado pela cabeça que estes serviços eram pagos...ai que saudades ele tem daquelas meias horas debaixo do chuveiro, na casa do pai, com água bem quentinha!
Prestes a fazer 29 anos e com a memória ainda cheia de 28 anos de boa vida, que se diga de passagem que já ninguém lhe tira, o Nuno é confrontado pela primeira vez na sua vida que no dia 23 de Março, quando ainda faltavam 7 dias para o final do mês, não tinha dinheiro suficiente nem para a gasolina nem para comer.
Nem queria acreditar, até chegou a admitir que tinha sido vítima de algum roubo. A escassez e a falta de dinheiro, e a boa vida a esfumar-se, originou as discussões na união quase de facto. A Lina, teve de optar entre o confortável quarto da casa da mãe com toda a assistência incluída ou a vida abarracada que lhe proporcionava o namorado.
Claro que grande parva que ela era se ficasse a viver numa casa onde a única coisa abundante no frigorífico era o gelo! Nuno fica sozinho e começa a meditar..."como era possível viver sem fumar (10 maços por mês), sem beber café (60 cafés por mês), sem ir de carro para o trabalho (60 litros por mês), sem ir ao futebol (2 vezes por mês), sem internet e sem telemóvel, sem TV Cabo, sem ir beber umas bejekas para o "bairro" às sextas-feiras?"
Como podia passar a vida a ver como consegue esticar os 650 euros de salário só para o aluguer de casa, alimentação, agua, gás e luz? Ainda por cima a ter de fazer as contas à vida sempre que vai ao supermercado adquirir os alimentos... que saudades tem daquela cataplana de marisco que o pai fazia soberbamente! A poupança que os pais fizeram tão zelosamente foi-se... a espaçosa casa com jardim foi-se... o orçamento familiar suportado com a razoável reforma do pai foi-se... A namorada foi-se... longe de isso lhe equilibrar as contas, limita-se a adiar o agravamento das dívidas!
Como num semestre a vida do Nuno ficou esburacada pela realidade da vida! Nuno não é duma geração rasca. A vida actual da sua geração é que o enrascou!
Vitor Magro

Fiquem bem