sábado, 2 de abril de 2011

Homossexual, transsexual, hetero..O que importa? A carta de um pai.


A revista Lola Magazine de março traz um depoimento do ex-jogador Toninho Cerezo sobre sua filha transsexual , a linda e sofisticada Lea T, que está fazendo o maior sucesso nas passarelas do mundo.
A carta é linda!!! Aqui está um trecho da carta:

DOIS FILHOS EM UM

“Qual pai um dia não pensou desta maneira? Como seria bom se existisse um manual completo, que ensinasse e orientasse como ser pai em todas as etapas da vida dos filhos?

Por mais que existam livros, manuais, conselhos bem-intencionados, a grande verdade é que exercer a paternidade vai muito além de conselhos e teorias. Todos sabem que cabe à paternidade uma parcela da responsabilidade de cuidar, educar, proteger e preparar os filhos para o ingresso na sociedade.

Mas a alma humana é muito complexa, e estamos bem longe de saber tudo o que esse ser mutante chamado Homem é capaz de fazer, querer e ser…

Meu menino, minha menina pra sempre, eternamente, os dois serão meus.

Ainda no ventre, Leandro foi um filho esperado e amado. Na sua infância, seu sorriso doce e os cabelos cacheados não me indicavam qualquer tendência, era apenas uma criança, era apenas meu filho.

Com o passar dos anos e a chegada da adolescência, conheci, na intimidade e nos momentos que passamos juntos, seu jeito diferente – a clara ausência de predileção por brincadeiras masculinas. Percebi interesse por assuntos ligados à arte e ao universo feminino (…)

Apesar de notar as diferenças, percebi também que nada poderia fazer, e tudo o que poderia dar a ela/ele era o meu amor incondicional, a segurança, o conforto e a certeza de que, em qualquer circunstância, por mais que longe, eu estaria sempre a seu lado (…)

Pode ser que eu tenha sido negligente como pai, mas não há motivos para frustrações. Não podemos ser bons em tudo. E você, Lea T. Cerezo, sabe muito mais que embaixadinhas. Teve coragem de, elegantemente, tentar quebrar paradigmas e mostrar ao mundo que devemos aceitar, sim, as diferenças, ser tolerantes com a diversidade, entender e não julgar aquilo que não conhecemos. O caminho pode ser longo, mas com certeza não será o mesmo depois de você (…)

Como diria o poeta Cazuza, “O tempo não para, não para, não, não para”, e filho crescido não cabe mais aos pais educar. Sendo assim, aqui ou lá, torço por você, Lea.

Menino ou menina, Leandro ou Lea, não importa mais, sempre serei seu pai e você, orgulhosamente, um pedaço de mim.”


Fiquem bem

2 comentários:

Unknown disse...

Parabens pelo Blog.
Me diz o que acha desse:
Alemay Sabetudo www.alemaysolucoes.com

Anónimo disse...

Linda carta! Senti-me comovida.
P.S.: gostei muito do seu blog.