segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

SOLIDÃO


Será que é um pesadelo aterrador ou oportunidade?


Pois bem, será que existe alguém que ao menos uma vez, não tenha sentido um amargo na boca, um nó na garganta, o coração magoado, o peito sufocado na dor de um estranho vazio, a vontade de olhar uma outra face, o “silêncio pesado” que arrasa a mente ou a necessidade de estar com alguém ausente?


Já te aconteceu não ter a quem perguntar uma dúvida incómoda e dizer aquilo que simplesmente gostarias de desabafar? Já tiveste a sensação de não existir quem te compreenda e aceite tal como és nem quem esteja disposto a ajudar-te? Já te sentiste desprotegido, sem esperança ou depreciado por todos?

Então, conhece o que pode ser a solidão: a fria e sombria solidão.

Mas o que é a solidão?

Para os nossos antepassados, nomeadamente na Idade Média, solidão significava “sentir-se estar completo”, em termos religiosos, “solitude traduzia a experiência de ser uno com Deus”.
Hoje em dia, ela tornou-se pesarosa e associa-se a sensação de abandono e desprezo, por isso tentamos evita-la, precipitando-nos para os outros e mantendo-nos em permanente estado contactável (por telemóvel e afins).
Porquê e do que fugimos?
Porque não a enfrentamos e aceitamos naturalmente?

Assim reflectiu o poeta Jean Genet: “A solidão não me é concedida, sou conduzido a ela por um interesse pelo belo; eu quero definir-me nela, delinear os meus contornos, emergir da confusão. Em suma, pôr-me em ordem”. E libertar-me.

A solidão, a ansiedade, a dor, a culpa ou a morte constituem etapas no nosso percurso humano e têm sempre um significado, mesmo que tal nos custe a admitir. Precisamos olhá-las e entendê-las, assim como reparamos naquilo que gostamos/amamos nos satisfaz ou alegra. Elas não são indignas nem têm forçosamente que assustar.

Claro, encontrar-nos-ão sempre num certo dia, desprevenidos e não preparados.
A psicóloga Ester Bucholz (autora de “O chamamento da solidão”) refere que a solidão pode ajudar-nos a perceber que não nos compreendemos completamente e que talvez estejamos demasiado isolados.
Talvez isolados de nós próprios.

Mesmo as experiências mais dolorosas, se positivamente encaradas, convidam-nos a pensar quem somos, o que queremos e para onde vamos, permitindo, com algum esforço, assimilar uma experiência e adquirir uma maior auto-consciência.
Sozinhos entre a multidão

“Eu costumo sentir-me muito só, ainda que me rodeie de bastantes pessoas” – quantos de nós poderão contradizer a afirmação do mediático Freddie Mercury, ex-vocalista do grupo Queen, proferida após reconhecer publicamente a doença mortal de que padecia e o quanto esta o fez questionar-se e modificar-se? Eis um enorme dilema:
Até certo ponto desejamos tanto viver que nem nos apercebemos, realmente, do que significa estar vivo e existir.
Ainda que imersas na multidão, muitas pessoas nunca se sentiram tão à deriva como no limiar deste milénio, em busca de algo que suscite um verdadeiro interesse.
Como negar o cansaço, quando os nossos olhos o espelham e a solidão inquietante e desoladora em nós pulsa?
O “vazio” perturba-nos, insatisfaz, mas socialmente dificilmente o confessamos.

Em diversos momentos, se estivermos atentos, percebemos o quanto somos frágeis, vulneráveis, influenciáveis, deixamo-nos, tantas vezes, nos levar pela instabilidade das circunstâncias e de situações, pelos nossos instintos, por modas, tendências sociais ou qualquer outro tipo de pressão pelos “outros”.

Invocamos direitos, autoridade e poder mas, na realidade, por ignorância, incapacidade ou falta de empenho, esquecemos as nossas responsabilidades e deveres, principalmente aquele que é o essencial: O ser! Talvez por isso se diga que “mais vale ser do que parecer”. Entenderemos alguém ou alguma coisa se não nos questionarmos, se ignorarmos o que é importante ou incómodo, valorizando o que é secundário?
Como será então possível não nos sentirmos sós?
O que poderá preencher-nos?

A solidão tem muitas faces e não tem que ser «má». Se respeitarmos a paz que em nós ecoa e por nós clama, o que há nisso de aterrador? O ser humano é destinado a viver em grupos, aprendendo a servir e cooperar, até os mestres budistas salientam que o significado de pertencer a um grupo é descoberto no conforto do silêncio e em companhia da solidão, por estranho que nos possa parecer, os antigos instrutores orientais, de reconhecida sabedoria, antes de aceitarem um discípulo e as suas perguntas, solicitavam-lhe que permanecesse em silêncio – em alguns casos durante anos. O isolamento (para a interiorização) e a reflexão, assim como o convívio, o diálogo e a comunicação, são necessidades humanas fundamentais.

Estar sozinho não é bem o mesmo que estar só (sem qualquer companhia) ou sentir-se só (incompreendido ou ignorado), Estar sozinho facilita-nos o reequilíbrio emocional e mental. Constitui uma oportunidade de interiorização, qualquer pessoa, mesmo que muito nova, pode aprender e apreciar o estar consigo mesma, é uma oportunidade de pesquisar quem realmente é, chegar a sua natureza íntima, encarar e resolver o que a desinquieta, reforçar a sua vontade, lucidez e discernimento, crescer e tornar-se um pouco melhor e mais capaz de responder as “coisas” da vida, é uma oportunidade de ficar mais capaz e confiante para relacionamentos e conseguir conviver, cultivar a amizade, estudar e divertir-se mas é importante saber quando os momentos são de recolhimento saudável e reparadores, daquilo que são os estados depressivos ou de isolamento social permanentes e incompreensível.

Para além das obrigações que temos, não resultará o stress do modo como agimos a desperdiçar o nosso tempo, num dia-a-dia agitado e esquivo, tal chega a afectar o sono e a aumentar a tentação do consumo de medicamentos (de efeitos secundários duvidosos ou perigosos) para dormir, isto é, o sono indispensável e reparador das nossas energias é simplesmente danificado.

Obvio que as relações familiares nem sempre correspondem a laços de união que nos preencham afectivamente, Podemos até viver sozinho e sentirmo-nos completos, pensando pela nossa cabeça e deixando espaço para as amizades (familiares ou não) e para uma excelente actividade social, os momentos de introspecção e de contacto podem complementar e misturar as emoções num formato benéfico, tendo assim um sentido mais profundo.

Por isso, o termo “tempo para nós” é vital em momentos de cansaço, tristeza ou desgaste emocional, é tão natural e útil como conversarmos, respirarmos ou alimentarmo-nos.

A solidão benévolo pode encontrar-se quando nos encantamos com uma música sublime, lemos um livro inspirador, passeamos num belo local e percebemos a grandeza da natureza, damos a mão a alguém e assim ficamos, por longos minutos, maravilhados a contemplar uma paisagem deslumbrante, capaz de fazer gotejar os nossos olhos de benéficas e libertadoras lágrimas, quando não sabemos estar sós, fugimos do que a vida nos proporciona e sentimos a falta de algo que nos reconfortante; talvez da própria alma.
Podemos então nos voltar para o exterior, desejando que este nos preencha com outras pessoas, uma ocupação, uma actividade, uma dependência ou um vício.


Se não compreendermos a solidão, ela torna-se maligna, como de um redemoinho do qual dificilmente conseguiremos escapar, pode iniciar a depressão ou outras doenças, é urgente estar atento de uma forma correcta.

Estar sozinho é imprescindível para o surgir da criatividade e da inovação, cientistas, filósofos e artistas, como Einstein, Beethoven, Goethe, Helena Blavatsky, Fernando Pessoa, Agostinho da Silva, José Cardoso Pires e tantos outros, bem nos têm alertado para isso. Alguns estudos empíricos também o confirmam que os adolescentes mais criativos são os que cultivam espaços de isolamento ao nos sentirmos sufocados polo silêncio, pode o indivíduo tentar perceber como chegou ali, e criar algo para assim saciar a sua sede, voltando a preencher-se.

Viver já é, só por si, um acto inteligente, sensível e criativo, podemos desviar-nos de ruas sombrias, labirintos de ilusões e disfarces esfarrapados, valorizar cada segundo em que aqui estamos torna-se importante.


Descobrirmo-nos e aceitarmo-nos, mesmo que por breves momentos, permite a aproximação aos outros e dos outros, só estando minimamente bem connosco poderemos levar algo de bom a alguém, o que é a verdadeira solidão senão vivermos afastados de nós, da nossa alma, de todos os seres, de todas as coisas… e, em fim, se assim o quisermos e para quem quiser, de Deus!

Fiquem bem

3 comentários:

Ana, sempre!!! disse...

Adoreiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Acabei de te linkar no meu flog. É mto diferente do giga...por explo a música é chatisse p pôr 1 q goste pq só posso usar as dos sites de músicas.
O teu blog está excelente e ainda bem q aqui vim hj.

Beijinhos e saudades
Ana, sempre!!!

Anónimo disse...

Já fiz a grande besteira de procurar o agito quando deveria ficar no meu silêncio e na minha solidão restauradora. Hoje, no meu agito, o silêncio é incompreendido e a minha solidão é diária e é quem me ampara.

Anónimo disse...

Bonjorno, carteiro-net.blogspot.com!
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