domingo, 1 de novembro de 2009

Antoine De Saint – Exupéry e o seu Principezinho!


Apenas e simplesmente o meu entendimento sobre o texto!



16.ª Edição da Editora Caravela Lda.



Grandiosa conversa do autor com a sua criança interior, sim, para mim é exactamente disso que o livro fala.







Pg 10 – “………… e dedicar-me antes à geografia, à história, à matemática e à gramática. Foi assim que, aos seis anos, me vi …….”



É a velha sempre actual “estória” da castração que a sociedade nos impõe, ainda hoje muito se utiliza essa forma de manipulação no formato sério de boas intenções, é errado mas quem o faz é com boas intenções, por isso, quase sempre sorrio quando me afirmam que o importante é a intenção!

Quando dizemos aos nossos filhos que têm de estudar dado que eles é que irão escolher se querem ser a Doutora Maria ou a tarefeira Maria, ao nossos pais em nada estão preocupados com a nossa felicidade, estão sim preocupados com a nossa segurança, sim, apenas e simplesmente por que já esqueceram o que é o amor, o que é a felicidade e simplesmente sentem a necessidade de nos forçar a ter segurança.



Pg 11 – “……Queria apurar se ela era mesmo capaz de perceber alguma coisa. Mas invariavelmente ……” “ …. tive uma avaria em pleno deserto….”



Sempre a eterna busca de quem vibra na mesma frequência, sempre a incessante procura das nossas “almas gémeas” e deserto tem o sentido de solidão, o deserto interior da nossa vida.



Pg 11 - (repetido dado aqui ser a parte mais “importante”) “Na primeira noite, deitei-me em cima da areia e adormeci……”



Para mim, é aqui, nesta noite que chegou o pacote de informação e o contacto com a criança interior, é nesta noite que tudo se passa, acontece com a entrega, com o abrir do coração. Como aparece? Aparece no formato de clique, assim “Por favor…. Desenha-me uma ovelha!”



Pg 14 – “isto é a caixa. A ovelha que tu queres está lá dentro.”



É a redescoberta da imaginação pura, algo que sempre ao longo da nossa educação foi sendo reprimido, é o ver com o coração!



Pg 22/23/24 – “E, com efeito ……. (até) …… com três arbustos…””



Tem a ver com a nossa limpeza interior, como um pequeno pensamento/ideia se pode tornar um conceito, depois um preconceito e depois uma obsessão se o/a deixarmos crescer, o discernimento da nossa balança interior tem que estar sempre afinado para realmente descortinar o que é importante e o que não o é!



Pg 27/28 – “ para que servem os espinhos? ………. “



Os espinhos são as nossas armaduras, as nossas mascarás, nelas nos sentimos protegidos, mas é apenas ilusório, não deixa que os outros nos vejam como realmente somos.



Pg 30 – “Amar uma flor …. (até) …. É tão misterioso, o país das lágrimas!”



Para mim, à melhor prosa, à mais simples e grandiosa que li sobre o amor incondicional!



Pg 30/31/32/33/34 – (todo o capitulo 8)



Uma excelente parábola sobre a aparente superficialidade, sobre o endeusar outros seres que obviamente têm capacidades mas não todas as capacidades, que são perfeitos em alguns aspectos mas não em todos!



Pg 34 – “….. passou a manhã a arranjar o planeta …….. “nunca se sabe” ….. uma data de aborrecimentos.”



É o trabalho diário que temos que fazer em nós, passamos imenso tempo a cuidar do nosso exterior e pouco tempo a cuidar do nosso interior.



Pg 36 – “A deus – disse a flor ….. vê lá se consegues ser feliz ….”



Realmente a nossa falta de frontalidade tem contornos dramáticos, a necessidade manipulativa que temos para forçar os outros a tomar darem o primeiro passo é terrível, isto, apenas por medo da rejeição.



Pg 36 – “Duas ou três lagartas terei que suportar se quiser saber como são as borboletas.”



É mesmo assim, sem escuridão que sentido teria a luz, sem tristeza que valor se daria à alegria, sem medo que como poderíamos ficar saciados pelo amor. Etc.



As visitas aos “planetas”



O Rei representa vontade de liderar, mas confundimos liderar com comandar, liderar é ser, comandar é dar ordens. É a auto-ilusão de um ser humano querer ser mais que outro ser humano.



O Vaidoso represente a necessidade que temos de sobressair da multidão, sobressair subjugando os outros, sobressair pisando os outros.



O Bêbado representa o apego a matéria, o circulo trabalho/casa/trabalho, representa a rotina, representa o estar perdido no meio de tudo.



O Homem de negócios representa a obsessão por algo que ganha uma dimensão tão grande que nos impede de ver mais, mais longe, mais fundo, de outra maneira.



O Acendedor de candeeiros o aumento de velocidade na nossa vida, a falta de tempo por não direccionarmos de forma útil esta vida que agora temos.



O Geógrafo representa os teóricos, os que se recusam a viver a realidade, os que apenas são cultos em frente a um monitor, os que falam de uma forma e actuam de outra, os que adquiriram demasiados conhecimentos e como não os foram aplicando na pratica agora se refugiam na imagem que criaram e de forma alguma sairão da “toca” pela incerteza de se conseguirão estar a altura da imagem que criaram para os outros.



Pg 62 – “Quando toco em alguém, devolvo-o imediatamente à terra de onde veio ….. Resolvo-os a todos – disse a serpente.”



Representação da morte e de como estamos aqui apenas numa forma transitória, não somos daqui!

Além disso com a “morte” física “toda” a informação fica ao nosso alcanço!



Pg 63 – O eco representa a nossa dificuldade em ouvir o que não nos agrada!



Pg 66 – “Julgava-me muito rico por ter ……mal me chegam ao joelho”



A dificuldade que temos em sair do nosso micro universo, o confortável (mas limitador) do chegar e disser ao empregado – o costumo se faz favor! – Sentimos que somos alguém importante, somos conhecidos e todos nos conhecem, mas, quando saímos, ou ficamos fascinados com o “exterior” e vamos em busca, ou voltamos para o conforto limitador do “costumo”.



Pg 66 - (todo o capitulo 11) “Foi então que a apareceu a raposa.”



Demasiado grandioso, nem me atrevo a comentar!



Pg 74 - (capitulo 12) O Agulheiro



Representa as pessoas que observam, estão certos que os outros estão errados, mas que pouco ou nada fazem para ajudar.



Pg 76 - (capitulo 13) O vendedor



Apenas a representação dos degraus que não nos levam a parte nenhuma.



Pg 81 – “Aquela agua muito mais que um alimento. Nascera da caminhada sob as estrelas, do canto da roldana, do esforço dos meus braços.”



Simplesmente e genuinamente o exercício puro da co-criação em acção.



Fico por aqui, é apenas uma coisa de nada comparando com a grandeza do livro, é apenas a minha opinião sobre umas pequeníssimas partes do livro, não tem de forma nenhuma de ser igual a tua, mas também pode ser, quem já leu, seria bom reler, quem nunca leu, que tal pensar em ler.



Fiquem bem

6 comentários:

Anónimo disse...

Se a coordenadora escolar dos meus filhos lê os seus primeiros parágrafos ela tem um negócio! :)
Principalmente porque ela sabe que os meus filhos não estudam nada. Só são obrigados a aprender música - obrigados, mesmo - porque treinam uma sensibilidade diferente e mais ampla e com isso conseguem as notas de matematica, geografia, portugues... rsss

O texto é grandão. Eu vou comentando aos poucos.

beijos

sou disse...

João, está excelente a tua reflexão e interpretação. Parabéns está muito profunda. Este livro maravilhoso foi escrito por Antoine Saint Exupery num momento em que carregava uma depressão que o enchia de desilusão e de desapontamento.

beijinhos

Anónimo disse...

Vou comentar a tua análise sobre o livro.
"Quando dizemos aos nossos filhos que têm de estudar (...)a Doutora Maria ou a tarefeira Maria, os nossos pais em nada estão preocupados com a nossa felicidade, estão sim preocupados com a nossa segurança, (...)simplesmente por que já esqueceram o que é o amor, o que é a felicidade e simplesmente sentem a necessidade de nos forçar a ter segurança."

Tenho que te perguntar o que é o amor? Os nossos pais deviam saber o que era o amor, ou o que pensavam que seria o amor, se assim era, porque o esqueceram? Não se esquece uma coisa tão grande assim. Será porque verificaram que não é viável o amor e uma cabana? O amor evolui e a felicidade evolui na mesma proporção em que a sociedade avança. Hoje procura-se segurança porque a ilusão estava disfarçado de amor. E depois de algum tempo ela mostrou-se, e o tal amor era apenas instintos e outras coisas mais. Se os pais não sabem nem nunca souberam o que era o amor e o que era a felicidade, é natural que queiram que os filhos tenham segurança e meios económicos que lhes permitam ultrapassar melhor a desilusão do “amor”.

Abraços

Carteiro disse...

Olá
Bem, será possivelmente um pouco como dizer a pássaro: voa, mas voa baixinho!

Claro que amor não passa de instinto animal (embora se queira dourar a pílula), o tão falado amor incondicional não é alcançável pelo comum mortal, o amor platónico será possivelmente o que lhe está mais por perto.

Não vou dizer de forma nenhuma que os pais façam isso por mal, apenas no meu ponto de vista ter o foco apenas na segurança económica cria apenas mediocridade.

Fica bem

Anónimo disse...

Olá,
Tens razão, ter apenas o foco na segurança económica cria mediocridade, mas todos nós sabemos como terminam as paixões incontroláveis, então na sociedade em que vivemos o amor e uma cabana é é uma das muitas ilusões dos poetas e tovadores, do romantismo do século XVIII. Os pais alertam os filhos para serem independentes económicamente para poderem escolher livremente a quem amar, durante o tempo que quiserem, e sendo responsáveis por si próprios. Estão sim preocupados com a felicidade dos filhos e dizem-no de uma forma racional e carregada de sentimentalidade. Parece-me a mim que o amor de Platão, o platónico seria apenas afinidade intelectual e o amor incondicional é um amor espiritual e profundo que não possui, será o amor mais parecido de uma mãe com os seus filhos. Este amor que é tão falado, pressupõe que se possua uma visão de 360º e tendo esta, não se está apto para amar possessivamente e romanticamente ninguém.
É só para reflectir.

Beijinhos

Carteiro disse...

Olá
Bem, possivelmente “amar possessivamente” é algo contraditório, se é possessivo dificilmente será amor.
Também é possível que o tão falado amor incondicional tenha que ser platónico dado que sexo é algo quem tem mais a ver com a nossa componente animal.
O amor de mãe será sem duvida o que se deve aproximar mais do amor incondicional, claro que tem muitos pontos a rever, entre eles a componente animal de perpetuação da espécie.

Fica bem