sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Pequeno João Sem Nome


Alguém saberá a quem dedico estas linhas!

O Pequeno João Sem Nome nem um mês de vida durou, já estava doente quando nasceu, aqueles que lá estavam mal o mantinham vivo, eles no íntimo sabiam que não iria conseguir, apenas o podiam manter quente e alimentado, ele morreu por conta própria, assim como se esperava.

O Pequeno João Sem Nome veio e foi, aparentemente num piscar de olhos, menos de um mês de sofrimento e tristeza, possivelmente a maioria de quem lê estas linhas nem por sombras quereria lá ter estado, usualmente nós não pensamos sobre isto, porem, também não podemos fingir que não existe.

Humanistamente, qualquer um de nós que tivesse junto dele teria chorado cada minuto da sua vida, isto porque somos construídos para amar, cada célula do nosso corpo é projectada para se preocupar com as crianças, agir quando se vê uma injustiça.

Então podemos perguntar, onde e como se encaixa então o esquema no Universo? Onde está Deus para deixar inocentes sofrerem assim?

Podemos dizer, e para quê, qual a necessidade de passar por aquilo?

Familiares e amigos deram suporte aos pais, que estavam transtornados, muitos deles com uma intensidade incrível, alguns ficaram de joelhos diante de Deus, implorado aos Santos, chamando por Deus, outros foram a igreja procurar apoio, todas as pessoas espirituais a sua volta rezaram para que o Pequeno João Sem Nome melhorasse, eles oraram para Deus: Pediram por um milagre!


Os Pais, eles pediram aos Santos para estarem com ele, para o ajudarem em tudo, pediram para que os Anjos o protegessem e o curassem, ficaram de joelhos, choraram e lamentaram, assim como pais amorosos fazem em situações horríveis como esta. Depois seus amigos vieram e colocaram suas mãos sobre eles, abraçaram e seguraram suas mãos.

Ele não sobreviveu, os detalhes do toda a situação deixariam cicatrizes na memória dos
Pais para toda a vida, alguns dos amigos que oraram arduamente viraram-se contra Deus. Eles disseram, o que adianta rezar se não funciona? Onde estavam os santos quando precisamos deles? Alguns descartaram seus santos, e muitos precisaram fazer a pergunta: Onde estava Deus quando o pequeno João sem nome precisou dele?

O Pequeno João Sem Nome tinha um Eu Superior, 0 Pequeno João Sem Nome e aquele Eu Superior tinham um acordo para virem para a Terra para criarem exactamente o que aconteceu, para passar por aquilo.

Apesar das preces, apesar de todo o potencial de intervenção angelical, nenhuma entidade exterior neste planeta pode mudar a absoluta livre escolha de outro ser humano, o Pequeno João Sem Nome estava em contacto com seu Eu Superior duma forma que possivelmente poucos podem compreender.
Juntos num nível bem mais elevado e mais grandioso do que se pode imaginar que uma criança pudesse ir, ele e seu Eu Superior reviram o motivo pelo qual ele tinha vindo para a Terra, quando esta revisão terminou, o Eu Superior fez uma pergunta para ele: queres mesmo por isto? Qual é a tua decisão?

Por que isto deveria acontecer? O que o Pequeno João Sem Nome sabia algo que era desconhecido por nós, num nível preenchido com sacralidade, ele sabia que o que iria aconteceu afectaria muitas pessoas, algumas precisavam de examinar a espiritualidade, algumas precisavam de sair de cima do muro e decidir qual o significado de Deus.

Cada um teria uma reacção, uma reacção que poderá durar uma vida inteira, o aparente sacrifício de um foi preparado para providenciar a iluminação para alguns.

O Pequeno João Sem Nome não era tão pequeno assim, ele era um gigante entre os humanos.

Foi-se embora e logo em seguida e voltou, isto é, assim que foi apropriado, ele até se juntou novamente ao mesmo grupo que tinha deixado.

Eles nunca perceberam, talvez nem acreditassem.

Fiquem bem

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem é mãe sabe o que é perder um filho qeu durante 9 meses carregou no ventre, ouviu as batidas do coração, viu pelas imagens suas mãozinhas e até pensou como cuidaria de coisa tão delicada. É um misto de expectativa e insegurança muito grande.

Quando perdi meus dois pequenos, já dentro de mim sabia que os iria perder. Talvez pela batida do coração diferente do meu, talvez pela insistência em sair antes da hora. Os dois tiveram a chance de viver o suficiente para respirar o mesmo ar que eu.

Entretanto eu sabia que eram frágeis demais, ou melhores que nós, para ficar no meio de uma família normalmente elétrica demais. Provavelmente o Criador deve ter olhado, pensado seriamente e decidido: não, estes dois são meus.

E assim, acredito que hoje tenho duas luzes, parte de mim, que estão com o Criador.Talvez olhando para esta familia, talvez participando, junto com a Luz Criadora das grandes questões universais.

E estas questòes, já nõa me cabem questionar - são grandes demais para o meu entendimento.

beijinhos